"Primeiro Deus criou o homem, mas depois... bom, depois Ele teve uma idéia melhor", bem melhor!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sentir-se amado

O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama. Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.
Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se.
A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também? Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.
Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho". Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato." Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta. Agora sente-se e escute: eu te amo, definitivamente, não diz tudo.

Dia de inspiração com a Martha Medeiros...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Amor

Vida é o Amor existencial.
Razão é o Amor que pondera.
Estudo é o Amor que analisa.
Ciência é o Amor que investiga.
Filosofia é o Amor que pensa.
Religião é o Amor que busca Deus.
Verdade é o Amor que se eterniza.
Ideal é o Amor que se eleva.
Fé é o Amor que se transcende.
Esperança é o Amor que sonha.
Caridade é o Amor que auxilia.
Fraternidade é o Amor que se expande.
Sacrifício é o Amor que se esforça.
Renúncia é o Amor que se depura.
Simpatia é o Amor que sorri.
Trabalho é o Amor que constrói.
Indiferença é o Amor que se esconde.
Desespero é o Amor que se desgoverna.
Paixão é o Amor que se desequilibra.
Ciúme é o Amor que se desvaira.
Orgulho é o Amor que enlouquece.
Sensualismo é o Amor que se envenena.
Finalmente, o Ódio, que julgas ser a antítese do Amor, não é senão o próprio Amor que adoeceu gravemente.

Francisco Cândido Xavier

Que as palavras do sábio Chico Xavier possam animar o seu dia.
AME a si mesmo e a todos ao seu redor, e lembre-se:
o Universo é um eco de nossas ações e pensamentos!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Eu consegui soltar a panela...

"Certa vez, um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento. A época era de escassez, porém, seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores. Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de comida. Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo. Na verdade, era o calor da tina... Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava. O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida. Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda rugia. Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina de comida. O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo".

Quando terminei de ouvir esta história de um amigo, percebi que, em nossas vidas, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes. Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, e mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero. Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos.

Para que tudo dê certo em nossas vida, é necessário reconhecermos, em certos momentos, que nem sempre o que parece salvação vai nos dar condições de prosseguir.

É preciso a coragem e a visão que o urso não teve.
Vamos tirar dos nossos caminhos tudo o que faz nossos corações arderem.
Vamos soltar a panela!


sábado, 16 de outubro de 2010

Palavras para recitar como um mantra...

Seu amor não é correspondido? Pare de tentar encontrar os motivos...

Poucas situações na vida são mais angustiantes do que viver um amor não correspondido. No entanto, pouquíssimas são as pessoas que nunca experimentaram algo semelhante. Ou seja, amar e não ser amado é, em última instância, uma dor comum, embora bastante pessoal.

E por que será que ainda assim, sendo tão recorrente e fazendo parte da história de bilhões de seres humanos, continua sendo tão difícil lidar com o fato de que o outro não está a fim de continuar ou sequer de começar um relacionamento com a gente?

O fato é que aprender a lidar com a frustração da não correspondência de qualquer sentimento, especialmente dos mais intensos e profundos, é uma das mais duras e importantes lições de todos nós!

A começar pela capacidade de compreender que a razão de o outro não gostar de você da mesma forma que você gosta dele não tem a ver com quem você é exatamente. Ou seja, você certamente é alguém com qualidades suficientes para ser amado, entretanto, isso não é garantia para que a química de um encontro dê certo.

Quando falamos de amor, desejo e vontade, temos de considerar que sempre existe mais de uma parte envolvida. É a máxima do dito popular que avisa que “quando um não quer, dois não brigam” ou não se amam, como é o nosso caso. Mas os motivos pelos quais uma pessoa não corresponde o seu amor estão longe de ser passíveis de explicação lógica.

Amamos e não amamos por motivos inefáveis, que não estão ao alcance das palavras ou da inteligência racional. Talvez isso explique por que, algumas vezes, amamos aquela pessoa não aprovadas pela maioria de nossos amigos e familiares. Ou por que, noutras vezes, não conseguimos amar aquela que todos dizem ser a ideal para nós, a perfeita.

Esta é a prova de que ficar se consumindo na tentativa de compreender, logicamente, por que o outro não está correspondendo nosso amor é inútil, ineficiente e só nos faz doer mais ainda. Esta é a prova, sobretudo, de que não ser amado por determinada pessoa não é um veredito, não é uma sentença, não é o fim.

Talvez, muito pelo contrário, seja apenas o começo. Seja a nossa grande chance de descobrir uma alternativa melhor. Sim, porque não prevemos o futuro. Não sabemos o que virá. E por isso mesmo deveríamos confiar um pouco mais no fluxo do Universo.

Certamente já aconteceu com você de considerar um acontecimento péssimo, desastroso e, depois de alguns dias ou meses, ter se dado conta de que algo muito lindo, maravilhoso e imperdível só aconteceu porque havia o espaço deixado pelo que havia considerado um “desastre”.

Enfim, não ser correspondido hoje é ruim, eu sei. Dói. E por isso mesmo, sugiro que você chore, esperneie, desabafe e faça o que for possível, dentro das opções saudáveis, de preferência, para esgotar sua frustração e se sentir melhor. Porém, não se destrua, não se acabe e não tome as circunstâncias como determinantes de sua infelicidade.

Permita-se viver um dia de cada vez, apostando que cada noite que chega significa que você está mais distante da tristeza e mais perto de uma nova alegria. Permita-se acreditar que o sol voltará a brilhar em seu coração mais cedo do que você imagina... E siga o fluxo da existência.

E assim, certo de que ser correspondido é tão possível quanto não ser, e que essa é uma verdade que vale para todas as pessoas deste planeta – até mesmo para aquelas consideradas as mais lindas e sensuais – levante-se, lave esse rosto, vista-se como se fosse celebrar e faça um brinde a si mesmo, ao amor e ao melhor que está por vir!

"Amo a liberdade, por isso deixo livre tudo que tenho...Se voltar é porque conquistei, senão é porque nunca as possuí!"

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

7 meses sem escrever!!

Minha vida anda muito louca, não tenho tempo pra nada. Nem pra mim mesma.
Mas não posso reclamar, pois é muito trabalho. Graças à Deus!
Mas acabei deixando de lado a coisa que eu mais gosto de fazer, escrever.
Deixei até de fazer as minhas anotações na minha agenda.
O que é uma coisa que eu faço desde que sei quem sou.

Então hoje de manhã eu peguei minha agenda e me deu uma vontade de escrever de novo. Assim do nada.

Assim como antes eu tinha perdido toda a vontade de escrever. Deixei o blog de lado mesmo. Não entrei nem pra ver comentários nem pra comentar em outros blogs.

Hoje de manhã eu percebi que estava no caminho errado. Simplesmente deixei de escrever sobre o que eu gosto. Eu escrevo sobre mim, sobre minha vida sobre meus sentimentos. Às vezes sai um ou outro texto criativo. Não é uma coisa que eu possa cobrar nem que seja regular. Mas é quase uma terapia.

Ao escrever na agenda entendi que escrever sempre foi parte de mim. E então percebi de onde vinha todo o meu desânimo. Não estava escrevendo mais e isso me faz mal. Decidi uma coisa: vou voltar a escrever sobre o que sei. Sobre minha vida, os acontecimentos e sobre meus pensamentos estranhos sobre tudo a minha volta. Escrevo primeiro pra mim. E talvez se alguém achar utilidade nisso, bom, ai eu terei um leitor de verdade.

Acabei ficando sem tempo pra tudo, e é estranho que quando eu escrevo arranjo tempo.
Escrever é importante pra mim.

Percepção de solidão

Uma mulher entra no cinema, sozinha. Acomoda-se na última fila. Desliga o celular e espera o início do filme. Enquanto isso, outra mulher entra na mesma sala e se acomoda na quinta fila, sozinha também. O filme começa.

Charada: qual das duas está mais sozinha?

Só uma delas está realmente sozinha: a que não tem um amor, a que não está com a vida preenchida de afetos. Já a outra foi ao cinema sozinha, mas não está só, mesmo numa situação idêntica a da outra mulher. Ela tem uma família, ela tem alguém, ela tem um álibi.

Muitas mulheres já viveram isso - e homens também. Você viaja sozinha, almoça sozinha em restaurantes, mas não se sente só porque é apenas uma contingência do momento - há alguém a sua espera em casa. Esta retaguarda alivia a sensação de solidão. Você está sozinha, não é sozinha.

Então de repente você perde seu amor e sua sensação de solidão muda completamente. Você pode continuar fazendo tudo o que fazia antes - sozinha - mas agora a solidão pesará como nunca pesou. Agora ela não é mais uma opção, é um fardo.

Isso não é nenhuma raridade, acontece às pencas. Nossa percepção de solidão infelizmente ainda depende do nosso status social. Se você tem alguém, você encara a vida sem preconceitos, você expõe-se sem se preocupar com o que pensam os outros, você lida com sua solidão com maturidade e bom humor. No entanto, se você carrega o estigma de solitária, sua solidão triplicará de tamanho, ela não será algo fácil de levar, como uma bolsa. Ela será uma cruz de chumbo. É como se todos pudessem enxergar as ausências que você carrega, como se todos apontassem em sua direção: ela está sozinha no cinema por falta de companhia! Por que ninguém aponta para a outra, que está igualmente sozinha?

Porque ninguém está, de fato, apontando para nenhuma das duas. Quem aponta somos nós mesmos, para nosso próprio umbigo. Somos nós que nos cobramos, somos nós que nos julgamos. Ninguém está sozinho quando curte a própria companhia, porém somos reféns das convenções, e quando estamos sós, nossa solidão parece piscar uma luz vermelha chamando a atenção de todos. Relaxe. A solidão é invisível. Só é percebida por dentro.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Que solidão que nada, eu preciso é ser amada, eu preciso é ser feliz...

"Solidão, dá um tempo e vá saindo, de repente eu tô sentindo, que você vai se dar mal. Solidão, meu amor está voltando, daqui a pouco está chegando, me abraçando todo meu, meu, meu... A solidão é nada. Você vem na hora errada, em que eu não te quero aqui. Que solidão que nada, eu preciso é ser amada, eu preciso é ser feliz..."


Não lembrava que esta música foi escrita pelo Chico Buarque, apenas que foi imortalizada na voz da Sandra de Sá, mas hoje a sinto bem significativa, pois uma amiga querida me fez lembrar dela. Pronto, bateu vontade de falar de solidão.
 
Então me pergunto: solidão tem tamanho? Difícil sentí-la pequena, justinha. Geralmente, a solidão é larga, comprida, como uma camiseta que poderia vestir várias pessoas ao mesmo tempo. Até porque é com outras pessoas que tentamos combater a solidão.

Martha Medeiros um dia escreveu que se a solidão pudesse ser visualizada, ela seria um vasto campo abandonado, um estádio de futebol numa segunda-feira de manhã. Dói, mas tem poesia. Talvez seja por aí que devamos reavaliá-la: no reconhecimento do que há de belo na sua amplitude.

A solidão não precisa ser aniquilada, ela só precisa de um sentido. Eu não saberia dizer que outra coisa mais benéfica há para isso do que livros. Uma biblioteca com mil volumes é um exército que não combate a solidão, mas a ela se alia.

A solidão costuma ser tratada como algo deslocado da realidade, como um tumor que invade um órgão vital. Ah, se todos os tumores pudessem ser curados com amigos. Uma pessoa que não fez amigos não teve pela sua vida nenhum respeito. Nossa solidão é nossa casa e necessita abrir horários de visita, hospedar, convidar para o almoço, cozinhar com afeto, revelar-se uma solidão anfitriã, que gosta de ouvir as histórias das solidões dos outros, já que todos possuem seus descampados.

A solidão não precisa se valer apenas do monólogo. Pode aprender a dialogar e deve exercitar isso também através da arte. Há sempre uma conversa silenciosa entre o ator no palco e o sujeito no escuro da platéia, entre o pintor em seu ateliê e o visitante do museu, entre o escritor e o seu leitor desconhecido. Ah, os livros, de novo. De todos os que preenchem nossa solidão, são os livros os mais anárquicos, os mais instigantes. Leia, e seu silêncio ganhará voz.

Às vezes, tratamos nosso isolamento com certa afetação. Acendemos um cigarro na penumbra da sala, botamos um disco dilacerante e aguardamos pelas lágrimas. Já fizemos essa cena num final de domingo - tem dia mais solitário? É comum que a gente entre na fantasia de que nossa solidão daria um filme noir, mas sem esquecer que ela continuará conosco amanhã e depois de amanhã, deixando de ser charmosa e nos acompanhando até o supermercado. Suporte-a com bom humor ou com mau humor, mas não a despreze.

Permita que sua solidão seja bem aproveitada, que ela não seja inútil. Não a cultive como uma doença, e sim como uma circunstância. Em vez de tentar expulsá-la, habite-a com espiritualidade, estética, memória, inspiração, percepções. Não será menos solidão, apenas uma solidão mais povoada. Quem não sabe povoar sua solidão, também não saberá ficar sozinho em meio a uma multidão, escreveu Baudelaire.

domingo, 14 de março de 2010

Uma vida interessante, por Martha Medeiros

Faz tempo que não cito a Martha e estava com saudades dela...

UMA VIDA INTERESSANTE

"E, se eu lhe disser que estou com medo de ser feliz pra sempre?" pergunta ao seu analista a personagem Mercedes, da peça Divã, que estréia hoje em Porto Alegre.

É uma pergunta que vem ao encontro do que se debateu dias atrás num programa de tevê. O psicanalista Contardo Calligaris comentou que ser feliz não é tão importante, que mais vale uma vida interessante. Como algumas pessoas demonstraram certo desconforto com essa citação, acho que vale um mergulhinho no assunto.

"Ser feliz", no contexto em que foi exposto, significa o cumprimento das metas tradicionais: ter um bom emprego, ganhar algum dinheiro, ser casado e ter filhos.

Isso traz felicidade? Claro que traz. Saber que "chegamos lá" sempre é uma fonte de tranqüilidade e segurança. Conseguimos nos enquadrar, como era o esperado. A vida tal qual manda o figurino. Um delicioso feijão-com-arroz.

E o que se faz com nossas outras ambições?

Não por acaso a biografia de Danuza Leão estourou. Ali estava a história de uma mulher que não correu atrás de uma vida feliz, mas de uma vida intensa, com todos os preços a pagar por ela. A maioria das pessoas lê esse tipo de relato como se fosse ficção. Era uma vez uma mulher charmosa que foi modelo internacional, casou com jornalistas respeitados, era amiga de intelectuais, vivia na noite carioca e, por tudo isso, deu a sorte de viver uma vida interessante. Deu sorte?

Alguma, mas nada teria acontecido se ela não tivesse tido peito. E ela sempre teve. Ao menos, metaforicamente.

Pessoas com vidas interessantes não têm fricote. Elas trocam de cidade. Investem em projetos sem garantia. Interessam-se por gente que é o oposto delas. Pedem demissão sem ter outro emprego em vista. Aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram. Estão dispostas a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do zero inúmeras vezes. Não se assustam com a passagem do tempo. Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor, compram passagens só de ida.

Para os rotuladores de plantão, um bando de inconseqüentes. Ou artistas, o que dá no mesmo. Ter uma vida interessante não é prerrogativa de uma classe. É acessível a médicos, donas de casa, operadores de telemarketing, professoras, fiscais da Receita, ascensoristas.

Gente que assimilou bem as regras do jogo (trabalhar, casar, ter filhos, morrer e ir pró céu), mas que, a exemplo de Groucho Marx, desconfia dos clubes que lhe aceitam como sócia. Qual é a relevância do que nos é perguntado numa ficha de inscrição, num cadastro para avaliar quem somos? Nome, endereço, estado civil, RG, CPF. Aprovado.

Bem-vindo ao mundo feliz.

Uma vida interessante é menos burocrática, mas exige muito mais.

Martha Medeiros, em 22 de março de 2006, mas me cai como uma luva hoje!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

DISCUTIR A RELAÇÃO



Todas as DOIDAS e todas as SANTAS, com certeza, já discutiram a relação. 
Exagero?
Vamos aos fatos:

A verdade é que DISCUTIR A RELAÇÃO é uma invenção muito moderna. Tenho certeza que no tempo da minha adorada avó Suely, isso não existia! Afinal, quando o namorado ou a namorada chegava para o outro e dizia: "Sabe, eu estive pensando...” Pronto, não era necessário dizer mais nada, o outro já sabia que era o fim. Não havia mais o que discutir. Saía cada um para o seu lado dizendo que houve apenas uma "incompatibilidade de gênios". Isso resolvia tudo. E tem outra: ou os meus pais eram muito discretos ou nunca discutiram a relação. Nem mesmo a relação sexual.
Mas o mundo girou e vieram os psicanalistas. Foram eles que instigaram as mulheres a DISCUTIR A RELAÇÃO. E tô mentindo? Não é sempre as mulheres que começam  e acabam as discussões e as relações. Os terapeutas colocam na cabeça da gente que devemos dizer tudo que pensamos da pessoa amada para a pessoa amada e não para o melhor amigo.
Mas, antes de surgir a expressão DISCUTIR A RELAÇÃO, tivemos outros nomes para a mesma desgastante peleja. "Vamos dar um tempo' não durou muito. Depois surgiu "Nossa relação está desgastada". Por que não "gastada"?
Hoje, modismo ou não, não há casal que não DISCUTA A RELAÇÃO, pelo menos uma vez por semana, igualando ao número de atividades sexuais. DISCUTE-SE A RELAÇÃO nos mais variados lugares. Alguns sombrios, outros perigosos.
O melhor lugar para se discutir a relação é na sala. Está-se próximo do uísque, da televisão que pode ser ligada a qualquer momento e mesmo da porta, para uma saída furtiva e quase sempre covarde. E é ótimo DISCUTIR A RELAÇÃO andando em círculos, com um copo na mão, um ouvido na fera e um olho no futebol. Sim, as mulheres adoram esta atividade aos domingos. Eu tenho um amigo que, quando quer sair sozinho com os amigos, diz: "Vou até lá em casa e dou um jeito de DISCUTIR A RELAÇÃO com a patroa, ela fica irritada e eu tenho um motivo para voltar aqui para o bar'. Essa é ótima!
DISCUTIR A RELAÇÃO no quarto só tem duas saídas. Tudo terminar numa belíssima e lacrimejante cena de amor ou a ida de um dos dois para o outro quarto. No quarto, é impossível se tratar deste assunto impunemente. Principalmente se os dois atletas estiverem deitados. E nus.
No carro, é um perigo. Deveria haver multa para esses casais que colocam em risco não apenas a vida deles, como também dos transeuntes e demais carros. DISCUTIR A RELAÇÃO dentro do carro sempre acaba em trombada na cara. E quem está dirigindo leva sempre a pior. Ou então propor um rodízio. Segunda, não discutem casais com final 1 e 2. Terça, 3 e 4. E assim por diante.
Agora, não há nada mais desagradável do que DISCUTIR A RELAÇÃO por telefone. É um horror. Geralmente é de madrugada. Longos silêncios... "Você está me ouvindo? Você está aí?" A gente não vê os olhos da outra pessoa, o sarcástico sorrisinho, a pequena lágrima rolando. Sem falar na conta do telefone. Já passei por isso e não quero mais. DISCUTIR A RELAÇÃO no telefone nunca mais!
E no restaurante, vocês já repararam? Sempre tem alguns casais que chegam calados, comem calados e calados saem. Um não dirige a palavra para o outro. Ledo engano. Eles estão, em silêncio, DISCUTINDO A RELAÇÃO. Acho uma covardia DISCUTIR A RELAÇÃO em silêncio. Eles não falam nada. Ela fica quebrando palitos e ele rasgando o guardanapo de papel. Imundando o restaurante.
Já os mais modernos DISCUTEM A RELAÇÃO via Internet. Ele digita um disparate para ela na Vila Madalena, o texto vai para um satélite, dali vai para Columbus (Ohio, USA), volta ao satélite, baixa na central do Rio de Janeiro e, finalmente, entra no computador dela em Pinheiros, a uns 500 metros de distância. Depois é a vez dela fazer o mesmo. Coitado do satélite que tem que decifrar aqueles palavrões todos. Em português, é claro!
Mas o pior não é DISCUTIR A RELAÇÃO. O pior é pagar fortunas a um profissional, sentar-se numa poltrona ou divã e ficar ali, durante 50 minutos, por intermináveis semanas, meses a fio, anos seguidos, repetindo tintim por tintim como foi a nossa última conversa com o ser amado, fazendo um esforço danado para lembrar fala por fala, todos os diálogos. E o terapeuta lá, com aquele olho de peixe morto, caído, quase bocejando, ouvindo, pela oitava vez, naquela mesma tarde, a mesma nauseante história de amor.
Sim, porque com ele a gente não DISCUTE A RELAÇÃO. Discutimos, no máximo, o preço. Da nossa dor.

Texto extraído do livro “100 crônicas de Mário Prata”, Cartaz Editorial – São Paulo, 1997, pág. 163.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Quando as lágrimas secam

Qual o significado das lágrimas quando secam?
Indiferença?
Ou simplesmente a dor não faz mais sentido.
Difícil encontrar compreensão, mas principalmente ser compreensiva.
Afinal estar junto, próximo, perto, atenua a dor e dividi-se certezas.
Dizem que o que os olhos não veêm o coração não sente, mas acredito que só se vê bem com o coração, afinal, como dizia o poeta, o essencial é invisível aos olhos.

Quando as lágrimas secam é sinal de que tudo já foi chorado, muito foi falado, nada foi mudado e, aos poucos, o que doía foi acabado...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Silenciar...

Hoje queria silenciar, mas não consigo, queria gritar, mas não posso, queria alguém ao meu lado, mas não tenho.
Não um alguém qualquer, mas um alguém em especial, alguém muito especial.
Tempos e ritmos diferentes.
Formas muito diferentes de enfrentar os problemas, as angustias e a depressão.
Uma vontade desesperada de querer ajudar, segurar a mão e dizer: calma, vai passar, mas não posso e não passa.
Não há cura, mas pressa.
Horas parecem dias e dias parecem semanas.
E é incrível como a vida muda de uma hora para outra.
Não há certezas nem constâncias.
Nada. Absolutamente nada nos  dá segurança de que algo é permanente.
Estabilidade não existe.
E a necessidade é definida por nós.
Qual necessidade?
O que quero?
Não sei, não quero, não posso e não consigo querer.
Isso é estar paralisado até entender o porquê ou para quê.
Por isso ´preciso escrever, escrever para silenciar.
Quem silencia não fala besteiras.
E ficar muda é muito difícil para mim.
Preciso deixar o teu espaço e o teu tempo te fazerem melhorar.
Vou precisar silenciar porque não há o que se possa resgatar, meu silêncio pode ser covarde, mas é atento, meio fajuto meio autêntico.
Silencio porque silenciar é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência, pareço desinteressada, mas silencio para estar para sempre do seu lado, a saudade fará mais por nós dois do que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência.
E sempre insipirada em Martha Medeiros: "Vamos deixar para sofrer pelo que é realmente trágico, e não por aquilo que é apenas um incômodo, senão fica impraticável atravessar os dias."


“Tristeza é quando chove

quando está calor demais
quando o corpo dói
e os olhos pesam
tristeza é quando se dorme pouco
quando a voz sai fraca
quando as palavras cessam
e o corpo desobedece
tristeza é quando não se acha graça
quando não se sente fome
quando qualquer bobagem
nos faz chorar
tristeza é quando parece
que não vai acabar”
Martha Medeiros

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Sem tempo para postar, mas com os mesmos ideais...

" À toda mocinha
que já acreditou
que precisa de casinha
vestido branco
e bolo assando
na cozinha
venho dar o meu recado.
Nunca é tarde
prá sacar da vida
o verdadeiro significado:
deves ter em ti
teu mais forte aliado.
Teus livros, teus amigos,
tuas vontades, teus pecados.
Deves esperar o amor
curtindo o sol, deitada na relva.
Sem jamais esquecer:
é a leoa quem caça
sozinha
na selva."

FABIANA KELBERT

Acessem: http://fabianakelbert.blogspot.com/
UM BEIJO NO CORAÇÃO E UM EXCELENTE FERIADO DE CARVANAL
(para descansar ou pular...)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

HAITI! Vamos ajudar?


O terremoto no Haiti pode ter afetado cerca de 3 milhões de pessoas, segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. A embaixada do Haiti no Brasil recebe doações em dinheiro por meio da conta corrente abaixo. Os recursos serão recebidos diretamente pela embaixada e administrados por ela, segundo o Banco do Brasil. Podem ser feitos depósitos ou transferências de qualquer banco e até mesmo de fora do Brasil para a conta corrente.

Nome: Embaixada da República do Haiti
Banco: Banco do Brasil
Agência: 1606-3
Conta corrente: 91000-7
CNPJ: 04170237/0001-71

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Amor até a última gota...



Clarice Lispector em A Paixão segundo G.H, diz: "Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata."

Por isso acredito e confio que não importa o como viveu, mas se viveu.

E viver sempre vale a pena, pois como nos diz o popular: só nos arrependemos daquilo que não vivemos. O que se fez, mas errou, virou aprendizado.

Vamos então viver o amor até a última gota, como nos ensina Clarice, e não importa se é:
 
... um amor remédio, desses amargos, que vêm num copinho de 5ml e que precisamos tomar tudo, pra perceber depois, que mesmo não sendo muito bom, fez um bem danado.

... um amor champanhe, desses que fazem um barulhão danado quando começam, que deixam a gente inebriada, mas quando acaba deixa uma dorzinha chata de cabeça e uma vontade ter dito não.

... um amor Gatorade, que repõe os sais minerais que a gente perdeu pelo caminho, mas que é um pouco sem gosto, sem graça.

... um amor refrigerante: doce, engorda, dá celulite, você está cansada de saber que não devia tomar, mas tem um gosto irresistível de proibido.

... um amor vitamina de abacate, que pode até ser saudável, mas é cheio de gordura, tem cara feia, mas é uma delícia de viver...

... um amor perfume, que estimula os sentidos, mas que não pode ser provado, não pode ser bebido...uma amor que só suscita, que só ativa a imaginação, mas que é gostoso assim mesmo, só na sugestão.

... um amor vinho de galão, docinho, gostosinho, baratinho e farto, mas que dá uma dor de cabeça nunca antes imaginada.

... um amor Toddynho, com cara de dia-a-dia, de infância, de inocência.

Não importa!

Viva intensamente qualquer amor.

Prometa viver com intensidade cada um dos amores que aparecerem no seu caminho, mesmo que eles não tenham sido feitos pra virar casamento.
Amor líquido, embora não pareça, evapora, ou congela...e deixa de ser amor.
Amor que fica, necessariamente é  amor que inunda!


Eu quero que inunde, por isso vivo hoje um amor água cristalina.

Amor tipo...

... água cristalina: transparente, claro e sem cobrança (sou traumatizada com isso). Não controla, refresca, mata a sede, revigora e purifica!

OK, vocês acham que é utópico demais?

Hoje não parece, mas o combinado é viver o agora, certo?!

E tem mais: cada um tem o seu precioso espaço e isso é absolutamente necessário. Afinal, fechar a torneira de vez enquando, faz bem! Economia!

Portanto, com ou sem gelo, até a última gota: é o mínimo que um amor merece.

Em 2010, por favor, vivam um amor, até a última gota e depois voltem aqui para contar ou se já viveram ou estão vivendo, contem já!


Bjs e bom final de semana!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A mulher tradicional e a mulher moderna


Será que tem como separá-las? Fico na dúvida, afinal em alguns ou muitos momentos, temos um pouco das duas.
Portanto, para abrir as convesas de 2010, pensei em resgatar a discussão doidas e santas ou a mulher tradicional ou conservadora e a mulher moderna e, por que não, revolucionária! 
Quando procuro o termo "mulher tradicional"  em sites de busca, o que encontro são artigos e imagens relacionados à imagem de mãe, de assexuada, sem desejo próprio, santa, imaculada, que “padece no paraíso” ou que  goza ao realizar o desejo dos outros. Ou seja, a mulher tradicional obrigatóriamente é boa mãe’ e abdica de seus desejos para realizar os desejos dos filhos, marido, parentes, vizinhos. É aquela que, ao final do dia está um trapo, cansada, sem ânimo para nada, inclusive para satisfazer o desejo sexual do marido.
Ao contrário da mulher-tradicional, a mulher moderna está sempre associada a imagem de alguém que é senhora do seu desejo, é anti-santa, e a meta de ser mãe fica no horizonte. Ela se assume como dona do seu corpo, ocupa os espaços e administra o seu tempo. Seu corpo, ela usa-o como bem entende. Procura aprimorá-lo com uma malhação ou turbiná-lo com silicone. Ela usufrui das conquistas das mulheres da década de 1970: a pílula anticoncepcional, a masturbação, o amor-livre, e hoje ela toma iniciativa em relação ao homem ou mulher do seu desejo. Seu espaço, digamos, está para além do lar: ela não quer ser dona-de-casa, nem ter um trabalho de faz-de-conta fora do lar, porque seu olhar está para além dos limites das convenções, isto é, ela investe no estudo e na carreira profissional, e aspira um trabalho profissional e poder. Hoje, muitas mulheres ocupam os bancos das universidades brasileiras e optam por  ter um ou até dois filhos, durante as férias do trabalho ou na época da elaboração de sua tese. Nesse caso, filhos são vistos como troféus de realização intelectual e profissional. Mas elas podem também optar por nenhum filho, visto como um estorvo, pelo menos em determinado  período de seu investimento profissional. O tempo da mulher moderna é bem ocupado. Seu tempo livre vira ócio criativo; sua filosofia é de desfrutar o momento, no lazer ou no trabalho.


A mulher moderna é resultado da ruptura dos costumes ocorridos a partir da década de 1970. A pílula anticoncepcional afastou o risco de uma gravidez indesejada e propiciou a mulher ver a sexuação como um divertimento. A mulher-tradicional casava virgem, não por escolha pessoal, mas por imposição cultural e religiosa. A mulher moderna resgata o estilo de Lilith (leia um pouco sobre o mito de Lilith abaixo). Seu gozo é estar no comando das situações, mas ainda sonha: quems sabe encontrar a alma gêmea?!
As mulheres modernas são criticadas por copiarem o que há de pior nos homens, mas também existe admiração por sua autonomia e ousadia dentro e fora do lar. Sua dupla ou tripla jornada de trabalho, o estresse, o sentimento de culpa por não dar atenção aos filhos, não farão a mulher pós-moderna desistir das suas conquistas e optar pelo modo de ser submisso da mulher tradicional.


Os avanços das mulheres são irreversíveis! 


Para saber mais, clique na informação abaixo:



O MITO DE LILITH