"Primeiro Deus criou o homem, mas depois... bom, depois Ele teve uma idéia melhor", bem melhor!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Hoje escrevo para Amanda


Filha, adoro te ver dormir.
É um momento sereno, tão nosso, tão para sempre.
Quando tu eras um bebê, ficava deitada ao teu lado, às vezes por uma hora, só te contemplando. Passava a mão no teu rosto, de levinho, ajeitava o teu cabelo, sentia a tua respiração quentinha fazer cócegas na minha pele, e vez ou outra, confesso, te dava um beijo. Naquela hora você era tão minha.
Hoje, que já és uma mocinha, que me conta tudo: seu anseios, dúvidas, medos, conquistas, paixões, me sinto orgulhosa de ter construído uma relação tão serena, equilibrada e amiga.

Quando pedes para dormir comigo, muitas vezes me pego de novo te contemplando e percebo que ainda é o momento em que me abstraio do dia-a-dia para, naquele instante, apreciar o milagre da vida, do crescimento, do amor.
Velo teu sono e te amo ainda mais.

Na verdade te amo quando te vejo dormir, e também nas manhãs barulhentas de domingo com o Joey, nos longos papos na hora do banho, nas intermináveis horas no trânsito de São Paulo, nas historinhas contadas daquele nosso jeito engraçado, na saída da escola, nos carinhos, e de novo quando chega a noitinha... e posso mais uma vez te ver dormir !

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Mulher ontem e hoje


Dizem que antigamente nós, mulheres, pensávamos apenas na família, na casa, nos filhos, nos problemas, menos em nós mesmas. É como se fossemos condenadas a viver a margem de uma sociedade machista, que nos rotulou de subversivas uma vez que Eva induziu o bobo do Adão a comer a maçã. Fomos então conhecidas como ardilosas, perigosas e que "só" servíamos para reprodução.
Será que isso é tão antigamente assim?
Tudo bem, hoje muita coisa mudou, a mulher conquistou espaço, garantiu direitos, adquiriu voz e uma representação social forte, muito mais do que a "só" reprodutiva.
Entretanto, acho que algumas conquistas vieram carregadas de problemáticas e neuroses. Por exemplo, antigamente, nas questões que envolvem a sexualidade, nós éramos vistas como deusas por serem aquelas que dariam continuidade a vida, ou seja, ao tudo. Mas veio a época da Igreja! E essa dominação propagou pecados, obrigações e regras que nos enclausurou numa prisão moral e restrita. E isso permaneceu até as mulheres saírem desta prisão religiosa para entrar para a prisão capitalista, pois eram expostas há horas e mais horas de trabalho, em fábricas que construíam tudo, mas destruíam nosso sonho de liberdade.
Eis que chega o dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada em Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
Uma tragédia que, sem sombra de dúvidas, incentivou o movimento feminista, e deu todos os direitos legais e morais que as mulheres têm hoje.
Muita coisa mudou, desde então, mas as mulheres também acabaram por reforçar outros lados, fragilizando, muitas vezes o respeito e crinaod situações que tornaram-se inimigas da feminilidade.
Por exemplo, hoje você digita no Google a palavra “mulher” e o que mais se pode ver é a erotização da imagem feminina. Clodovil dizia “que as mulheres estão vulgares, trabalham deitadas e descansam em pé...”, lógico que não são todas. Ainda há mulheres que honram a classe, pois são femininas como Audrey Hepburn, revolucionárias como Coco Chanel, elegantes como Fernanda Montenegro, humanitárias como a Princesa Diana, talentosas como Carmem Miranda, sexy como Brigitte Bardot
Em cada mulher há uma beleza e, para tanto não é necessário tornar-se apenas objeto de desejo dos homens, até porque homens gostam de mulheres, aqueles que escolhe muito “eu quero loira, de pernas longas, de seios fartos...”, ou ele gostaria de ser assim, ou está confundindo as mulheres com os buddy poker do Orkut.
E para concluir, o que deveriam mesmo exterminar são aquelas “pragas urbanas” das mulheres-frutas, morango, jaca, melancia, pois tornaram-se apelidos pseudo-eróticos.
Isso é modinha. Daqui a pouco ninguém lembra delas.
Não deixam nada, não acrescentam nada.
Que acabe logo esse período dos pseudônimos e chegue o período dos adjetivos.
Mas que adjetivos pôr nessas mulheres?
Talvez futilidade e inutilidade, já que sabemos que não é preciso mostrar a bunda para ser uma mulher de verdade.
A história da mulher é a história da pior tirania que o mundo conheceu: a tirania do mais fraco sobre o mais forte."
Oscar Wilde

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço.
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo,
ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -Essas e o que faz falta nelas eternamente;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada.
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo,
ou um pouco mais,
se puder ser,
Ou até se não puder ser…

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto…
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo.
Íssimo,Cansaço…

Álvaro de Campos

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Amor

Você está sozinho…
Em frente a TV, devora dois pacotes de doritos enquanto espera o telefone tocar.
Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha…Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimmm
É a sua mãe, quem mais poderia ser?
Amor nenhum faz chamadas por telepatia.
Amor não atende com hora marcada.

Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase “galinha”, sem disposição para relacionamentos sérios.
Ele passa batido e você nem aí.
Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido, desconfiado, cheio de olheiras….
E o amor dá meia – volta, volver….
Por que o amor nunca chega na hora certa?
Agora, por exemplo…
Que você está de banho tomado, com camisa e jeans?
Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana?
Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz?
Agora que você está com o coração as moscas e morrendo de frio.
O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina.
Você passa uma festa inteira hipnotizando alguém que nem te enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos para você.
Ou então fica arrasado porque não foi à praia no final de semana. Toda sua turma está lá, azarando-se uns aos outros.
Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida.
O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa.
O jeito é redirecionar o radar, para norte, sul, leste e oeste.
Seu amor pode estar num corredor de supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole.
O amor está em todos os lugares, você que não procura direito!
A primeira lição está dada:“O amor é onipresente!”
Agora, a segunda:“… mas é imprevisível!”
Jamais espere ouvir “Eu te amo” num jantar à luz de velas no dia dos namorados.
Ou receber flores logo após a primeira transa.
O amor, odeia clichês.
Você vai ouvir “eu te amo” numa terça-feira, às quatro da tarde… depois de uma discussão, por você ter gostado do filme e ele não…e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovada no teste de baliza…
Idealizar é sofrer!
Amar é surpreender!
Amem sempre, pois (não é mera pieguice) tudo passa, no fim, só o amor, permanece!

Claro! Martha Medeiros

terça-feira, 4 de agosto de 2009

As feministas que me perdoem, mas hoje acordei assim.

Eram 5h quando o despertador tocou hoje e eu não tinha forças nem para atirá-lo contra a parede. Estava tão cansada, não queria ter que trabalhar hoje. Queria ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando. Queria apenas passear com o Joey (meu York) pelas redondezas. Talvez fazer alongamento. Quem sabe leite condensado? Brigadeiro! Tudo menos sair da cama, engatar uma primeira e colocar o cérebro pra funcionar.
Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que teve a infeliz idéia de reivindicar direitos à mulher e por quê ela fez isso conosco que nascemos depois dela. Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós, elas passavam o dia a bordar, trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas (dos maridos) , decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes nas hortas, educando as crianças, freqüentando saraus, a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.
Aí vem uma “fulaninha” qualquer, que não gostava de sutiã, nem tão pouco de espartilho, e contamina as várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias mirabolantes sobre "vamos conquistar o nosso espaço". Que espaço, minha filha???!!!!! Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, o mundo aos seus pés. Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer, vestir, e se exibir para os amigos, que raio de direitos requerer?
Agora eles estão aí, todos confusos, não sabem mais que papéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como o diabo foge da cruz. Essa brincadeira de vocês, feministas, acabou é nos enchendo de deveres, isso sim. E nos lançando no calabouço da solteirice aguda.
Antigamente, os casamentos duravam para sempre, tripla jornada era coisa do Bernard do vôlei - e olhe lá, porque naquela época não existia Bernard do vôlei.
Por quê, me digam por quê, um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com a macharada? Olha o tamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso! Tava na cara que isso não ia dar certo!
Não agüento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, e que sapatos, acessórios usar. Que perfume combina com meu humor, nem de ter que sair correndo. Ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada, passar o dia reta na frente do computador, resolvendo problemas.
Somos fiscalizadas e cobradas por nós mesmas a estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, cheirosas, unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados, doutorados, pós-doutorados e especializações (ufa!).
Viramos super mulheres, continuamos a ganhar menos do que eles, lavar, passar,cozinhar e cuidar dos filhos da mesma forma. E ainda temos que dividir as despesas da casa.
Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço?
Chegaaaaaaaaaaaaaaaa!
Eu quero alguém que pague as minhas contas, abra a porta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores com cartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela, e tem mais, que chegue do trabalho, sente no meu sofá, e diga "meu bem, me traz uma dose de café, por favor!".
Descobri que nasci para servir! Vocês pensam que eu tô ironizando? Tô falando sério! Estou abdicando do meu posto de mulher moderna.
Dá uma olhadinha na foto aí de cima, olha o ar de calma e alegria da mulher de antigamente, isso porque estava na cozinha! Tem cara de estressada?

Bom, eu estou assim hoje, talvez amanhã acorde um pouco mais subversiva...

Bom dia! Bom dia por quê?